terça-feira, 20 de abril de 2010

OMS admite falhas com relação à pandemia de gripe


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PISTAS DO CAMINHO


Por Stephanie Nebehay GENEBRA (Reuters)

- A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu na segunda-feira ter falhado ao lidar com a pandemia da gripe H1N1, incluindo o fato de não ter comunicado as incertezas sobre o novo vírus à medida em que ele se disseminava pelo mundo.

Keiji Fukuda, o principal especialistas da OMS em influenza, afirmou que o sistema de seis fases da agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para declarar uma pandemia provocou confusão sobre o vírus da gripe, conhecida como suína, que por fim não era tão mortal como a amplamente temida influenza aviária.

"A realidade é que há uma enorme quantia de incerteza (numa pandemia). Acho que não transmitimos a ideia de incerteza. Isso foi interpretado por muitos como um processo não transparente", afirmou Fukuda.

Ele falou em um encontro de três dias com 29 especialistas em gripe convocados para revisar a condução pela OMS da primeira pandemia de influenza em 40 anos.

Os críticos afirmam que a OMS criou pânico com o vírus da gripe H1N1, que acabou sendo de efeito moderado, e levou os governos a estocarem vacinas que não foram usadas.

Alguns questionaram as relações da agência com a indústria farmacêutica, depois dos lucros de empresas como GlaxoSmithKline e Sanofi-Aventis com a produção da vacina do H1N1.

A delegação do Quênia criticou a agência da ONU por não garantir que os países em desenvolvimento recebessem uma quantia justa das vacinas desenvolvidas contra o vírus.

"Não é justo ter vacinas e medicamentos novos e depois eles serem tão caros que a maioria das pessoas pobres nos países em desenvolvimento não pode ter acesso a eles", disse o representante do Quênia. "Essa não é uma situação que deveria ser tolerada."

Até agora, 31 países mais pobres, incluindo Afeganistão, Cuba, Quênia e Mianmar, receberam suprimentos limitados da vacina doados por laboratórios farmacêuticos e por países do Ocidente, via OMS.

A delegação da Índia sugeriu que, no caso de emergência em saúde pública, as patentes de drogas vitais deveriam ser suspensas em linha com o acordo Trips, da Organização Mundial do Comércio, sobre propriedade intelectual.

O H1N1, que surgiu nos EUA e no México há quase um ano, matou 17.770 pessoas em 213 países, de acordo com a OMS, que declarou a existência de uma pandemia em junho.

A OMS precisará de mais um ano ou dois depois de a pandemia ser declarada encerrada a fim de determinar a taxa de mortalidade final do vírus, que deve ser muito mais alta. Oficialmente, a pandemia ainda está acontecendo.

O Banco Mundial estimou que os países gastaram 4 bilhões de dólares no desenvolvimento de planos de prontidão para a pandemia e de resposta aos surtos, de acordo com a delegação norte-americana.

"O influenza é um oponente imprevisível e formidável. A ameaça de uma pandemia severa não diminuiu" , disse o delegado dos EUA.

O vírus da gripe aviária (H5N1) - que matou 60 por cento dos infectados desde 2003 - "injetou um alto nível de temor sobre a pandemia seguinte", afirmou Fukuda.

Foi difícil cumprir as demandas públicas por aconselhamento na medida em que o vírus H1N1 espalhou-se rapidamente pelas fronteiras e os blogs geraram especulação e críticas, de acordo com a autoridade da OMS.

http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2010/04/12/oms+admite+falhas+com+relacao+a+pandemia+de+gripe+9455986.html

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Alimentos calóricos e gordurosos causam dependência

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Os resultados fornecem uma explicação científica para algo que é verificado na prática por pacientes obesos há muito tempo: assim como ocorre com a dependência em outras substâncias, largar o vício por comida não saudável é algo extremamente difícil.

A pesquisa, coordenada por Paul Kenny do Instituto de Pesquisa Scripps, na Flórida (Estados Unidos), foi publicada na edição on-line da revista Nature Neuroscience.

Os resultados do estudo já haviam sido divulgados de forma preliminar em uma reunião da Sociedade de Neurociências, em Chicago, em outubro de 2009. Mas o artigo vai mais longe, demonstrando pela primeira vez com clareza, em modelos animais, que o desenvolvimento da obesidade coincide com a deterioração progressiva do equilíbrio químico em circuitos de recompensa do cérebro.

Conforme esses centros de prazer do cérebro se tornavam cada vez menos sensíveis, os ratos utilizados no experimento desenvolviam rapidamente o hábito de comer compulsivamente, consumindo quantidades maiores de alimentos com altos teores de calorias e gordura, até se tornarem obesos.

As mesmas mudanças ocorreram nos cérebros dos ratos que consumiram grande quantidade de cocaína ou heroína. Os cientistas acreditam que esse mecanismo tem um papel importante no desenvolvimento do uso compulsivo de drogas.

De acordo com Kenny, o estudo, que levou três anos para ser concluído, confirma as propriedades “viciantes” da comida junk – alimentos não saudáveis com muitas calorias e muita gordura.

“Ao contrário do resumo divulgado de forma preliminar, esse novo estudo explica o que ocorre no cérebro desses animais quando eles têm acesso fácil a altos teores de calorias e gordura. A pesquisa apresentou as evidências mais completas e convincentes de que a dependência de drogas e a obesidade têm base nos mesmos mecanismos neurobiológicos subjacentes”, afirmou Kenny.

Segundo ele, os animais continuaram a comer compulsivamente, mesmo quando recebiam choques elétricos. “Isso mostra como eles estavam motivados a consumir o alimento saboroso”, disse.

Os pesquisadores alimentaram os ratos com uma dieta modelada a partir do típico cardápio que contribui para a obesidade humana – com calorias de fácil obtenção e alta gordura –, como salsichas, bacon e cheese-cake. Logo após o início dos experimentos, os animais começaram a comer em grande quantidade.

“Eles procuraram sistematicamente o pior tipo de comida. O resultado é que eles ingeriram o dobro das calorias dos ratos do grupo de controle. Quando removemos a comida junk e tentamos colocá-los em uma dieta mais balanceada, eles simplesmente se recusavam a comer”, disse Kenny.

A modificação na preferência dos ratos em relação à dieta foi tão grande que os animais passaram fome por duas semanas depois que a comida junk foi cortada. Os animais que apresentaram um colapso nos circuitos cerebrais de recompensa foram justamente aqueles que mudaram a dieta mais profundamente, buscando a comida mais saborosa e menos saudável.

“Esses mesmos ratos também foram os que se mantiveram comendo, mesmo quando levavam choques elétricos”, disse o cientista. De acordo com Kenny, o mecanismo do vício é bastante simples. As vias de recompensa no cérebro foram tão superestimuladas que o sistema basicamente começa a ser “ligado” espontaneamente, adaptando-se à nova realidade do vício – seja ele a cocaína ou o bolo de chocolate.

“O corpo se adapta notavelmente bem à mudança. E esse é o problema. Quando o animal superestimula os centros de prazer de seu cérebro com comida altamente saborosa, os sistemas se adaptam a isso, diminuindo sua atividade. No entanto, nesse momento o animal requer constante estimulação pela comida saborosa a fim de evitar a entrada em um estado persistente de recompensa negativa”, explicou.

Depois de mostrar que os ratos obesos tinham, em relação à comida, um comportamento claramente semelhante ao do vício em drogas, Kenny e sua equipe investigaram o mecanismo molecular subjacente que explica a modificação. Eles se concentraram em um receptor específico no cérebro, conhecido por ter um importante papel na vulnerabilidade à dependência química e à obesidade – o receptor de dopamina D2.

Esse receptor responde à dopamina, um neurotransmissor que é liberado no cérebro por experiências de prazer, como comida, sexo ou drogas como a cocaína. No caso do abuso de cocaína, por exemplo, a droga altera o fluxo de dopamina bloqueando sua recuperação, inundando o cérebro e superestimulando os receptores. Isso leva eventualmente a mudanças físicas na maneira como o cérebro responde à droga.

O estudo mostra que o mesmo processo ocorre quando o indivíduo está viciado em comida junk. “Essa descoberta confirma o que muita gente suspeitava: o consumo exagerado de comida muito saborosa é um gatilho para uma resposta neuroadaptativa, semelhante ao vício, nos circuitos de recompensa do cérebro. Isso leva ao desenvolvimento de uma obesidade e à dependência de drogas”, afirmou.
Fonte:Sulmix/ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)

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