quarta-feira, 20 de agosto de 2008

APRESENTAÇÃO DA AGRONOMIA.

APRESENTAÇÃO DA AGRONOMIA.


ESTE TEXTO FOI COPIADO INTEGRALMENTE DE:
http://www.sobresites.com/agronomia/apresentacao.htm

A Agronomia utiliza contribuições de várias ciências exatas, sociais e econômicas. O arranjo original dessas contribuições lhe confere características próprias. Por meio de seus princípios e procedimentos, a Agronomia se manifesta como um conjunto organizado de conhecimentos. Em razão da multiplicidade de seus objetos de estudo, ela pode ser dividida em muitos ramos, tais como, por exemplo, horticultura, fruticultura, suinocultura e piscicultura.



Os conhecimentos agronômicos se combinam de diversas maneiras para formar vários modelos de pesquisa e ação. A definição e adoção de um modelo dependem notadamente dos objetivos e critérios definidos. Ao longo da história da humanidade, alguns modelos praticados têm estagnado, evoluído ou desaparecido. Tradicionalmente, a concepção e aplicação de modelos eram decididas essencialmente no sentido de garantir o lucro máximo ao produtor e procurar o aproveitamento máximo do meio natural. Mas, nos últimos trinta anos, tem-se desenvolvido e fortalecido, no mundo, uma tendência evidente e cada vez mais forte de elas serem definidas com base na motivação de atender às particularidades do consumidor e à proteção ao meio ambiente. Assim, existem várias formas de combinação de conhecimentos agronômicos, desde as que usam grandes quantidades de insumos químicos até as que respeitam e conservam a natureza.



A aplicação da agronomia apresenta um caráter geralmente local. Seu sucesso depende em grande parte de sua adaptação às particularidades do meio natural e mais especificamente do solo e do clima que variam de uma região à outra. No Brasil por exemplo, o Nordeste é bem diferente do Sul. Os modelos de combinação de conhecimentos agronômicos, usados para fins produtivos, precisam ser escolhidos em função da abundância ou escassez de fatores essenciais a seu uso.



Várias controvérsias têm sido registradas a respeito da eficiência econômica e social de tecnologias ligadas à agronomia. Uma das mais conhecidas se refere à Revolução Verde, denominação dada à introdução de variedades de cereais de alto rendimento (VAR) em países em desenvolvimento. Esta revolução foi realizada na década de 50. As novas variedades de trigo, milho e arroz foram criadas, no México, pelo CIMMYT (Centro Internacional de Melhoramento de Milho e Trigo) graças a uma subvenção da Fundação Rockefeller. As variedades melhoradas de arroz foram selecionadas, nas Filipinas, pelo IRRI (Instituto Internacional de Pesquisa em Arroz) inicialmente financiado pelas Fundações Ford e Rockefeller e, em seguida, patrocinado pela FAO. Muitos países da Ásia, do Oriente Médio, da África e da América Latina adotaram de maneira significativa essas novas variedades de cereais. A Revolução Verde abrangia não só as variedades melhoradas mas também outros componentes: irrigação e domínio do abastecimento em água e melhor utilização da umidade, fertilizantes, pesticidas e técnicas agronômicas associadas. Ela apresentou resultados técnicos espetaculares, permitindo a alguns países (como a Índia, o Bangladesh e a Indonésia) se transformarem de deficitários em alimentos a exportadores de cereais e acarretando também em outros países (como o Egito e o Paquistão) um aumento considerável no ritmo de produção agrícola. Entretanto, foi muito criticada sobretudo por causa da forte intensificação do uso de insumos agroquímicos que gerou preocupações relacionadas à ecologia e saúde humana.



Hoje em dia, há a questão dos transgênicos ou organismos geneticamente modificados (OGMs). No Brasil, o processo de difusão dos transgênicos no sistema alimentar caracteriza-se, essencialmente, por um embate entre entusiasmo de alguns atores sociais e resistência de outros. De um lado, há os que, motivados pelas promessas de obtenção de uma maior rentabilidade com o cultivo dos transgênicos, acreditam numa possibilidade de aumentar a competitividade da agricultura brasileira no cenário internacional. Por outro lado, há os que, preocupados com os potenciais riscos da biotecnologia moderna, alinham-se a um esforço de resistência coletiva à difusão dos transgênicos na agricultura brasileira. Envolvido nesse assunto, publiquei em 2004, na revista "Caderno de Ciência e Tecnologia", um artigo cujo objetivo foi examinar diferentes aspectos do contexto brasileiro de expansão dessas biotécnicas. Esse artigo caracterizou os desafios do sistema agroalimentar brasileiro em relação ao processo de globalização dos mercados e intensificação dos fluxos internacionais de tecnologia e discutiu as potencialidades da biotecnologia moderna, indicando as possibilidades de seu uso e analisando as condições científicas e tecnológicas do Brasil de promover e sustentar o processo de geração e uso de biotécnicas.



Um aspecto destacado através desse artigo é a importância de profissionais competentes para a sustentação dos processos de enriquecimento da agronomia e de aplicação de conhecimentos agronômicos. A agronomia é uma ciência que evolui. Além da experimentação, o tradicional método de pesquisa agronômica, usa-se atualmente a modelização e o diagnóstico in situ. Com a evolução da agronomia, estão sendo desenvolvidos novos ingredientes, aparelhos, instrumentos e máquinas. Também, multiplicaram-se as instituições que têm atividades de pesquisa e desenvolvimento relacionadas à agronomia. Portanto, evidencia-se cada vez mais a necessidade de acesso a informações sobre características e preços dos insumos assim como sobre objetivos, programas e projetos das instituições.



O Guia de Agronomia é concebido para atender a essa necessidade. Ela contem vários tópicos por meio dos quais é possível adquirir conhecimentos agronômicos e se informar de novidades relacionadas à agronomia.



André Yves Cribb

Editor do Guia Agronomia

Pesquisador A

Embrapa Agroindústria de Alimentos

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